29 de set. de 2013

Filhos resgatam o pai desaparecido que vivia nas ruas

Inesperadamente a vida surpreende e traz uma nova chance para Arthur


Arthur Motta - em 7 anos envelheceu o triplo, diz ele.

Tudo o que eu mais quero é ser internado, diz Arthur Motta (47), que em 2006 abandonou a família, seu emprego  de diagramador no Correio Braziliense em Brasília  e seguiu para a Bahia onde aprendeu a fazer origamis com folhas de coqueiro, os quais  passou a vender nas sinaleiras para ganhar alguns trocados para  sua sobrevivência e principalmente  sustentar sua dependência química.

Da maconha ao crack

Nestes 7 anos ele foi de cidade em cidade, sem rumo percorreu mais de 40 cidades e foi em Uberlândia (MG) onde fez a última ligação para a família há cinco anos atrás. De lá seguiu para Ribeirão Preto (SP) onde passou a viver na rua.

"Já devo ter vendido mais de mil grilos de folha de coqueiro por esta cidade" 
 Contou ele ao ser entrevistado pelo Jornal A Cidade, que após ouvir a incrível história daquele homem,  procurou contato com a família dele em Brasília.

Em meio às lágrimas Arthur recebe o abraço dos filhos

Em lágrimas e de joelhos, Arthur pede perdão aos filhos, que viajaram de madrugada de Brasília a Ribeirão assim que receberam a notícia da localização do pai, pela reportagem. Não cabendo em si de alegria, Arthur gritava abraçado à eles: "Estes são meus filhos! Meus filhos!

Arthur conta que toda a semana entrava em uma lan house para ver a foto deles pela internet. Confessa que não entrou em contato por vergonha.

"Sou dependente químico, vivo nas ruas... mas nunca passei fome" disse ele.
Alegre, tira do bolso as moedas arrecadadas no sinaleiro onde vendia seus origamis e convida-os para almoçar, recusando que eles pagassem seu almoço.

Após conversarem muito, matarem a saudade, ele atende ao apelo da família,  aceitando voltar a Brasília, se submeter à um tratamento para se livrar do vício do CRACK. Antes de seguir para um hotel com os filhos, ele entrega seu cachimbo para uma companheira de rua.


A HISTÓRIA:
Fonte A Cidade

‘Ele vai renascer’, diz irmã
“Ele aceitou viajar conosco neste domingo [dia 30] para Brasília”, afirmou sua irmã mais velha, a servidora pública Julietta Motta.
Neste sábado (28) mesmo ela procurava clínicas de depedência química para interná-lo na capital.
Segundo sua irmã, a dependência começou logo aos 16 anos, primeiro com maconha. Após vários períodos difíceis, ele conseguiu estabilizar o vício, casou e teve dois filhos – além do terceiro, o mais velho, que é de criação.Durante a gestação do caçula, teve nova recaída, de álcool e maconha. O crack só veio depois que já havia deixado Brasília. Foi devido ao vício que sua estrutura familiar veio abaixo.
Após ficar cinco anos sem manter contato, parte da família perdeu as esperanças. “Minha mãe sonhava que ele estava morto”, diz Julietta. “Talvez ele estivesse morto aos olhos da sociedade. Mas agora queremos provar que ele pode renascer”, completa a irmã, com alívio.
Arthur diz ter vergonha de encontrar a mãe
Em lágrimas, e de joelhos, Arthur pediu perdão ao filhos. “Não há o que perdoar, pai”, respondeu o bancário Herbert Silva de Souza, seu filho de criação. Ao lado, Arthur Motta Júnior, que não o via desde os 11 anos, também chorava.
Se for mesmo a Brasília, ele reencontrará também seu caçula, de 14 anos. 
A irmã e o sobrinho foram facilmente reconhecidos. A maior dificuldade foi com o cunhado Gilmar.
“Você está muito mais gordo”, brincou Arthur.
Sua mãe, com 73 anos, ainda não sabe que ele foi encontrado. “Tenho vergonha que ela me veja nesse estado”, afirmou Arthur, que se surpreendeu ao se ver no próprio retrato, feito pelo fotógrafo doA Cidade na quarta.
“Quero muito me livrar dessa praga do crack, mas não consigo. Por isso, tenho que sofrer e não mereço voltar com vocês”, desabafou.

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